Quinta-feira, 1 de Maio de 2008
Assim como os humanos sofrem de ansiedade também os animais, especialmente os cães, podem sofrer do mesmo problema. Como todos os mamíferos, os cachorros estabelecem laços afectivos com a mãe que se concretizam no amparo e na protecção. Os problemas começam a partir do momento em que esta é substituída pelo Homem, de quem, claramente, espera o mesmo suporte afectivo.
Partimos do princípio que, quem compra um cachorro fá-lo porque tem disponibilidade para dar e receber afecto. Este valor permitirá ao cachorro, em alguns dias, ultrapassar a separação da mãe.
Os problemas começam quando se inicia a normal rotina quotidiana em que o animal deixa de ser o total centro das atenções e dos afectos e acaba por ficar a maior parte do dia em casa sozinho. Esta situação dá origem a um estado de ansiedade, uma vez que não está preparado para sobreviver a mais uma separação. O cão é um animal frágil do ponto de vista afectivo pelo que a separação do dono, mesmo que apenas durante o dia, é algo que o prejudica profundamente.
Para melhor entender este fenómeno, tenha em conte que, durante as primeiras seis semanas de vida, o cachorro permanece junto à sua mãe que lhe confere protecção e segurança. Dito de outro modo, neste período a mãe promove o seu equilíbrio emocional.
Após o descrito, será fácil compreender que, quem compra um cachorro e dois dias depois o deixa sozinho o dia todo em casa, está a provocar uma distorção grave no seu equilíbrio emotivo que pode conduzir mesmo a uma crise de ansiedade.
As consequências desta situação fazem-se sentir mais tarde à medida que o animal cresce e se desenvolve. A angústia afectiva produz de imediato atrasos na capacidade de aprendizagem, inibições, micções contínuas e vómitos. Com o passar do tempo, a título de exemplo, é possível que o cão ataque por medo.
Então o que fazer para conservar o equilíbrio emocional do cachorro e logo do cão adulto?
Primeiro o dono deverá planear a compra do cachorro de modo a que o cachorro possa disfrutar da sua companhia durante algum tempo. Este período inicial, deve caracterizar-se por mais mimos do que reprimendas, de modo a que o animal adquira os elementares sentidos de higiene e socialização de uma forma natural e adaptada a si (não ladrar para não incomodar os vizinhos, não sujar os passeios das redondezas, ir ficando aos pouco em casa sozinho).
Embora, tal como os mamíferos, os cães ajustem o seu comportamento à relação de causa e efeito, neste período mais frágil da sua capacidade emocional, os ensinamentos devem basear-se em brincadeiras e não em reprimendas. Isto não significa que não deva repreendê-lo, pelo contrário, é através do sentido de autoridade que o cão definirá o seu lugar hierárquico. No entanto, essa autoridade nunca deverá ser expressa em actos físicos de reprimenda.
Assim, quem compra um cachorro deve saber que o comportamento do cão em adulto é essencialmente reflexo do modo como é tratado nos primeiros tempos da sua infância. Dedique-lhe todo o tempo do mundo nesta fase.