Já muito tem sido escrito acerca das touradas. No entanto, temos normalmente tendência a focar-nos na crueldade do espectáculo sangrento para os animais e degradante para quem assiste, esquecendo-nos por vezes das promiscuidades que a ele estão ligadas. Tudo o que seja um espectáculo bárbaro em que as pessoas se deleitam em assistir à tortura e morte de um animal na arena, para júbilo dos espectadores, diminui a dignidade humana e é notoriamente contra os princípios cristãos. Como tal, na pele de mensageiros de Deus, padres, bispos, cardeais e demais membros do clero católico não deveriam apoiar tal espectáculo.
No entanto, a hierarquia da Igreja Católica está muito envolvida na promoção das touradas. A Rádio Renascença, emissora católica portuguesa, não só promove amplamente as touradas e respectivos intervenientes, como todos os anos organiza uma tourada. Por esse país fora, há festas populares com corridas de touros (vulgo touradas) abençoadas pelo padre local. Em Barrancos, por exemplo, o padre sempre defendeu os touros de morte mesmo quando eram ilegais. Mais ainda, praça de touros que se preze tem uma capela e um capelão. E, como se isto não bastasse, não são poucos os padres “aficionados” e que o manifestam publicamente, como se isso nada tivesse de incompatível com a doutrina de Jesus Cristo.
Um desses casos é o bem conhecido P.e Vítor Melícias, que poderá facilmente ser encontrado nalguma praça de touros deste país a aplaudir e regozijar-se enquanto os touros são torturados. Mais caricato ainda é o facto de o P.e Vítor Melícias tratar-se de um Franciscano que, notoriamente, despreza os ensinamentos de São Francisco de Assis:
Não magoar os nossos humildes irmãos [os animais] é o nosso primeiro dever para com eles, mas parar aí não é suficiente. Temos uma missão mais elevada: servi-los sempre que eles necessitem. — São Francisco de Assis
Além disso, a União das Misericórdias Portuguesas, presidida pelo próprio P.e Melícias e com fortes ligações à Igreja Católica, é proprietária de 18 praças de touros, recolhendo dividendos da tortura de seres inocentes.
É mais que chegada a altura de a Igreja Católica assumir uma posição crítica acerca das touradas. Se a Igreja Católica se pronuncia sobre assuntos relacionados com a sociedade, a política, a educação e a família, entre tantos outros, por que não se pronuncia a Igreja claramente contra a tamanha barbárie que são as touradas? Certamente que não se espera uma batalha por parte da Igreja contra as touradas, mas pelo menos não as deveria defender nem promover na voz de alguns dos seus representantes. Quanto mais não seja porque, segundo a Bula de Pio V, as corridas de touros foram proibidas sob pena de excomunhão de todos aqueles que as praticassem ou a elas assistissem.
É oportuno relembrar as palavras sensatas de Abraham Lincoln:
Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em consideração as condições dos animais. –Abraham Lincoln
Seja a voz dos animais e demonstre o seu repúdio pelo apoio/conivência da Igreja Católica, ou de pessoas ou instituições a ela ligadas, face às touradas. Com o nosso protesto, podemos contribuir activamente para o fim das touradas em Portugal.
Dê a conhecer a sua opinião, de forma educada, às seguintes entidades:
União das Misericórdias Portuguesas (instituição ligada à Igreja Católica e proprietária de várias praças de touros):
ump@netcabo.pt
Patriarcado de Lisboa:
gab.patriarca@patriarcado-lisboa.pt;
icne.congresso@patriarcado-lisboa.pt
P.e Vítor Melícias:
melicias@netcabo.pt
Franciscanos (ordem à qual pertence o P.e Vítor Melícias):
franciscanosofm@mail.telepac.pt;
conv.varatojo@mail.telepac.pt;
luzofm@esoterica.pt
Agência Ecclesia (site oficial da Igreja Católica e da agência de notícias Ecclesia):
agencia@ecclesia.pt
Papa Bento XVI (endereço exclusivo para falantes de português):
bentoxvi@vatican.va
Rádio Renascença (emissora de rádio católica que promove touradas):
info@rr.pt
Jornal Voz das Misericóridas (jornal da União das Misericórdias Portuguesas):
jvm.geral@mail.telepac.pt
vmredaccao@netcabo.pt