Os pombos e pombas são considerados o símbolo da paz e do amor. Símbolo da paz porque, segundo o Antigo Testamento, depois do dilúvio, Noé soltou uma pomba que regressou com um ramo de oliveira no bico, o que mostrava que a água estava a regredir e que tinham sido feitas as pazes com Deus. Símbolo do amor porque mantêm frequentemente o mesmo companheiro ano após ano.
No entanto, hoje em dia, nas nossas cidades, os pombos parecem ter perdido o seu encanto. Para as autoridades e para grande parte da população são considerados uma praga, ou, no mínimo, um incómodo. Esta antipatia deve-se em grande parte ao conhecido problema dos dejectos de pombos nas cidades do nosso país. Para além de focos potenciais de infecções, os dejectos causam prejuízos enormes nas cidades, particularmente nos telhados e monumentos.
São várias as câmaras municipais portuguesas que optam por combater a proliferação de pombos através do abate. A última a dar conhecimento da potencial tomada desta medida foi a Câmara Municipal do Porto. Segundo o vereador das Actividades Económicas, Fernando Albuquerque, está a ser estudado o abate dos pombos e gaivotas que proliferam pela cidade, não só pelos prejuízos que provocam, mas também no âmbito de situações que possam ser problemáticas em caso de pandemia das aves.
Neste como noutros casos (particularmente no que concerne à sobrepopulação de cães e gatos errantes), o extermínio de animais como solução do problema de zoonoses e superpopulação de animais mostra simplesmente o comodismo e a falta de competência e criatividade das autoridades para lidar com este sério problema! Há que atacar a raiz do problema, a qual consiste precisamente na multiplicação descontrolada de pombos. Por outras palavras, é urgente implementar programas eficazes de controlo da natalidade e da consequente proliferação destes animais.
Por outro lado, existem vários estudos científicos que comprovam que os pombos e as gaivotas são resistentes ao H5N1. Por outras palavras, mesmo que tenham sido expostos ao vírus do gripe das aves, os pombos e as gaivotas não são contaminados, apenas criam anticorpos para se protegerem.
Sugerimos que escreva à Câmara Municipal do Porto (ou à sua câmara municipal, caso tenha conhecimento que a mesma opta pelas mesmas medidas), explicando que a matança de animais não é a forma mais correcta ou humana de lidar com o problema de excesso de animais nas ruas, nem combater zoonoses. Existem outros métodos, métodos esses bem mais eficazes, como a criação de locais de nidificação artificiais nos quais os ovos são recolhidos periodicamente, a distribuição de milho impregnado com contraceptivo oral em zonas problemáticas ou a instalação de dispositivos próprios para que os animais não pousem nos telhados.
No caso de se optar pela distribuição de anticoncepcionais, por exemplo, há que instruir as pessoas que não deverão dar de comer aos pombos (até porque restos de comida são completamente desadequados, uma vez que, no seu habitat natural, os pombos se alimentam de grãos, insectos e bagas), para que estes animais ingiram depois os gramas de milho impregnado suficientes necessários para que o contraceptivo surta efeito.
Somos pelo controlo da população de pombos existentes nas cidades portuguesas, mas sem recurso a métodos cruéis ou à eutanásia. O controlo da natalidade e a consciencialização das pessoas é a melhor arma (e a única arma eficaz) para lidar com este problema.
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Créditos: Blogue pelos animais